ARTISTA, CANTOR, LACRADOR — E OUTRAS PROFISSÕES DE RISCO
Hoje em dia, ser apenas “cantor” parece pouco. Você canta bem? Parabéns, mas cadê a lacração? Cadê o tweet afiado sobre geopolítica? Cadê o look feito com latinhas recicladas em nome da Amazônia? Não basta mais afinar no palco — tem que desafinar no X (o antigo Twitter, mas agora mais dramático).
Temos agora uma nova categoria profissional no Brasil: o Artista Cantor Lacrador. Um ser místico que consegue rimar amor com calor, enquanto luta contra o fascismo em cima de um trio elétrico patrocinado por uma marca de energético vegano. É tipo um super-herói, só que com glitter e opinião.
A rotina é puxada: de manhã, grava vídeo no TikTok apoiando uma causa; à tarde, posta uma indireta política com uma foto de cueca; e à noite, participa de podcast onde diz que “o problema do Brasil é estrutural”. Ninguém sabe direito o que isso quer dizer, mas soa profundo e rende comentário.
Quando é cancelado (porque todo lacrador vive na beira do precipício), solta aquela nota oficial padrão: “Peço desculpas se alguém se sentiu ofendido, essa nunca foi minha intenção. Estou em processo de aprendizado.” Traduzindo: “Me deixem em paz até a próxima polêmica.”
E assim segue o artista cantor lacrador — com agenda lotada de espaço por conta de shows cancelados, mais o ego continua inflado e seguidores engajados, mais não ao ponto de encher os shows dos seus idolos. Porque, afinal, cantar é talento. Lacrar… é vocação.
FonteSanta Ironia